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Cannabis e saúde neonatal

  • 7 de out.
  • 2 min de leitura
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Como imaginar que a erva mais criminalizada do planeta poderia um dia ser vista como uma aliada na salvação de recém-nascidos?


Pois é justamente essa a nova fronteira das pesquisas com canabinoides: o uso do canabidiol (CBD) para proteger o cérebro de bebês que sofrem asfixia ao nascer. Todos os anos, cerca de 2,5 milhões de crianças no mundo — sendo 20 mil apenas no Brasil — enfrentam algum tipo de dano cerebral causado pela falta de oxigênio durante o parto. É um número alarmante, comparável às mortes por acidentes de trânsito ou por HIV. E, ainda assim, quase não se fala sobre isso — talvez porque o tema incomode.


Atualmente, o único tratamento disponível é a hipotermia terapêutica — um resfriamento controlado do bebê. Embora apresente resultados positivos em parte dos casos, o método exige estrutura hospitalar complexa e de alto custo, além de só poder ser aplicado nas primeiras seis horas de vida. Em prematuros, simplesmente não funciona.


Diante desse cenário, quatro em cada dez bebês tratados evoluem para a morte ou para sequelas graves.Enquanto o poder público se omite, a responsabilidade pelo cuidado recai sobre as famílias — sobretudo sobre as mães, que muitas vezes interrompem suas trajetórias profissionais e pessoais para assumir sozinhas o papel de cuidadoras.


A ausência de políticas públicas consistentes de prevenção, tratamento e acompanhamento multiplica as desigualdades e transforma um problema de saúde pública em um drama doméstico e invisível, tratado como questão privada quando, na verdade, é coletiva.


Mas vamos à vida prática — e é justamente para isso que servem os casos clínicos. Na Espanha, uma menina tratada com canabidiol (CBD) surpreendeu médicos ao apresentar uma recuperação muito além do esperado, após um diagnóstico inicial devastador. Não se trata de uma prova definitiva, mas certamente de um indício forte o bastante para justificar novos ensaios clínicos. Ignorar essa possibilidade seria, no mínimo, um ato de negligência.


Enquanto governos seguem inertes, mães latino-americanas já recorrem ao óleo artesanal de cannabis para aliviar convulsões, dores e crises de espasticidade — distúrbio neurológico caracterizado pelo aumento involuntário da rigidez muscular. Essas experiências, embora muitas vezes marginalizadas, revelam uma realidade incontornável: a ciência avança, mas as políticas públicas continuam presas ao preconceito, deixando nas mãos das famílias o que deveria ser responsabilidade do Estado.



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