Cannabis no tratamento do glaucoma
- 22 de set.
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O glaucoma é uma das principais causas de cegueira no mundo. Essa doença nos olhos pode aparecer em qualquer idade, até mesmo em bebês, e muitas vezes evolui sem dar sinais claros. O mais preocupante é que quase 70% das pessoas que têm glaucoma não sabem disso, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), que chamou atenção para o problema durante a Campanha Maio Verde.
Depois da catarata, o glaucoma é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo, afetando mais de 60 milhões de pessoas. Sua forma mais comum, o glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), é uma doença de progressão lenta que destrói células da retina e degrada o nervo óptico. Essas perdas comprimem o campo visual, que eventualmente desaparece, juntamente com a visão do paciente.
Diversos estudos clínicos demonstraram que os canabinoides, incluindo a maconha, são capazes de reduzir a pressão intraocular (PIO) com eficácia comparável à da maioria dos medicamentos convencionais utilizados no tratamento do glaucoma. Esse efeito foi observado tanto com a administração oral, intravenosa e inalatória, quanto com a aplicação direta nos olhos. A maconha fumada ou ingerida, o tetrahidrocanabinol (THC), os canabinoides sintéticos em formulações orais e as injeções intravenosas de diferentes canabinoides naturais mostraram redução significativa da PIO, tanto em pacientes com glaucoma quanto em indivíduos saudáveis com PIO normal. Em grande parte dos ensaios clínicos, uma única dose de maconha ou canabinoide manteve o efeito por aproximadamente três a quatro horas.
Não há dúvida de que os medicamentos à base de canabinoides podem reduzir a pressão intraocular (PIO). No entanto, assim como ocorreu com outros fármacos para glaucoma que foram gradualmente abandonados, suas limitações tendem a superar os benefícios. Esse cenário era diferente na década de 1970, quando surgiram os primeiros relatos sobre os efeitos da maconha na PIO, em um período no qual havia poucas opções terapêuticas disponíveis — todas associadas a efeitos colaterais relevantes. Desde então, tais tratamentos foram substituídos por alternativas mais eficazes e seguras. Esse, ao que tudo indica, também será o destino dos derivados da maconha no manejo do glaucoma.
Referências:
Instituto de Medicina. 1999. Maconha e Medicina: Avaliando a Base Científica. Washington, DC: National Academy Press, pp. 203-204
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